A couple of weeks ago Monica Angeleas - the general president-director of the other blog I (sometimes) write to - informed me that a young Brazilian artist living in Amsterdam would take part in an exposition. She suggested it could a good idea to interview her for this blog. I have found her work vibrant, colourful and full of rythm. I met Marcella last week in a cafe in Amsterdam and she promptly accepted my invitation for an interview. Brazilian readers can also check her original interview in Portuguese right after the English version.
- Please introduce yourself.
I am an artist who lives and work in Amsterdam. In 2004 I graduated in Social Communication by Pontifícia Universidade Católica (PUC) in Rio in 2003. I have also studied painting at Visual Arts School in Parque Lage, RJ. In 2005 I moved to Barcelona in order to follow a MBA and in 2007 I arrived in Amsterdam. Now I am totally committed to my art, my works are part of several private collections around the world and frequently I take part in expositions in Brasil and in the Netherlands. My next exposition is this weekend (3rd and 4th October) in the Open Atelier De Pijp (in Amsterdam).
Why did you come specifically to Holland ?
My husband and I were already in Europe, in the wonderful Barcelona for two years. I love that city, reminds me of Rio – but with a European flavour. It was a very rich experience for me because life in Europe was very different to what I was used to in Brazil. After two years in Barcelona we had both finished our MBA’s and I was stuck in a job which I didn’t like. I was dreaming of living somewhere else. My husband coincidentally received a work proposal in the Netherlands and I thought it could be an excellent place for my life as an artist. We arrived here in a very joyous mood, and with our spirits open for a new “world” that would be welcoming us.
How was your beginning in Amsterdam ?
As soon as I arrived here I decided to focus all my energy in becoming the artist that I always wished to be. My previous experiences in multinational had taught me that discipline plus effort are one of the fundamental recipes to reach your goals. Today I am a fulltime dedicated artist. I have already taken part in four important expositions and the next one is next weekend in De Pijp. I believe I am the only foreigner who is taking part in it and despite not having my atelier in de Pijp (south of Amsterdam) I was invited by the organizer of the event.
And what do you like the most in Amsterdam ?
This is one of the most beautiful cities in the world, with its canals, small streets and stunning architecture. It has the charms of a small village where you can cross all the areas with your bike. At the same time it is truly international, with people from all parts of the world. There is a lot of freedom, from drug consumption to paid sex, everyone goes ahead with his/her projects – as much as you do not disturb the others.
I also love the fact that you are so central in Europe. We travel around Europe as much as we can afford it because when we go back to our lives in Brazil it is much more complicated. We also love welcoming friends in Amsterdam and my husband loves cooking for them – very gezellig.
Anything you dislike about your life in the Netherlands ?
The cold Dutch winter, with short and grey days. And I miss the good Brazilian food very much. For the rest I love living here.
Cultural shock ?
As soon as I started to experience the Dutch winter: enormously cold and at 4 o’clock in the afternoon it is already dark ! Tough. It rains absurdly and like a typical carioca girl (Rio native) I hate rain ! But I have to say that I got surprised with the Dutch attitude: they are very polite. The Catalans (native of Barcelona) are not the most polite in the world. And I have to confess that I was already getting used to their rude treatment towards me. Therefore it was refreshing to be exposed to the Dutch behaviour.
For example: during my first day in Amsterdam I got completely lost and asked a woman for directions. She had no clue about the address I was asking for so she called her husband and gave her cell phone to me in order to talk to him. Another example: the second day I found a shop with canvases in promotion and decided to buy 5 big ones for a wonderful price. I forgot I didn’t have a car to take them home. I decided to put everything on the top of my head. EVERYBODY was looking at me on the streets, it was very windy but I decided to keep walking even with trembling legs. And then a Dutch lady approached me and offered some help – which I denied. She noticed it was a sort of “Mission: Impossible” for such a small girl like me therefore… she grabbed 3 of the canvases puts them on her head and follows me home. These moments I have never forgotten ! There are people that say Dutch people are blunt – that is not my impression. I do believe that everything works according to how you see the world. I always try to see the good side of people.
- What have you learned about yourself after all these last years living outside of Brazil ?
I believe everyday brings you a lesson – that is the wonder of living abroad. When you leave your nest, your country, you definitely leave your comfort zone. Living outside of your culture you start to analyzing all the nuances of your cultural background, the good and bad aspects. This is excellent for your self knowledge. I always tell to people wishing to live abroad to stop comparing your “home” with your new country. You should also be open for new experiences: new foods and doing things you had never imagined before. Of course it is not easy but it is worth while – I guarantee it !
Marcella has a blog where you can check her paintings: www.marcellamadeira.blogspot.com
Her work is also being featured in the Dutch magazines Palet and Amsterdam Weekly, October issues. Check also: www.peoplefrombrazil.com
- Quem é você ?
Marcella Savaget Madeira. Sou uma artista plástica que trabalha e vive em Amsterdam. Em 2004 terminei o curso de Comunicação Social pela PUC-RJ e de 2003 a 2005 estudei pintura na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, RJ. Em 2005, me mudei para Barcelona para cursar um MBA onde vivi por 2 anos, antes de me mudar para Amsterdam em 2007. Atualmente me dedica integralmente a pintura, meus quadros fazem parte de coleçoes privadas em vários lugares do mundo e frequentemente participo de exposições no Brasil e Amsterdam. A minha próxima exposição será dias 3 e 4 de Outubro no Open Atelier De Pijp.
- Por que você veio para a Holanda ? Como foi seu inicio por aqui ?
Já morávamos na Europa, na maravilhosa Barcelona fazia 2 anos. Adoro aquela cidade, parece o Rio de Janeiro em versão Européia. Foi uma fase muito enriquecedora já que a vida aqui na Europa é muito distinta da que levamos no Brasil , mas depois de 2 anos terminado o MBA e um trabalho que não estava muito satisfeita, senti que já era a hora de ir mais além. Foi quando surgiu a oportunidade de virmos para Holanda. Meu marido teve uma oferta de trabalho aqui e eu achei que era uma excelente oportunidade para o meu trabalho de artista. Viemos muito felizes, animados e de mente aberta para o novo “mundo” que nos aguardava.
- Qual o seu trabalho ? Como foi seu inicio nessa área de trabalho aqui ?
Foi apenas quando me mudei para Amsterdam, que decidi colocar toda a minha energia para me tornar a artista que eu sempre desejei ser. Minhas experiências profissionais em multinacionais me ensinaram que disciplina e esforço são uma algumas receitas fundamentais para se chegar onde você deseja. E é com a mesma dedicação de antes que hoje sigo a minha vida de artista em tempo integral. Graças a muito esforço e dedicação, muitas coisas boas aconteceram aqui para mim e meu trabalho. Já realizei 4 exposições importantes e dentro em breve participo do Open Ateliers de Pijp, acredito que sou a única estrangeira e mesmo não tendo o meu atelier nesta área fui convidada pelo próprio organizador do evento.
- Quais são as coisas de que você mais gosta na Holanda ?
Amsterdam é para mim uma das cidades mais lindas do mundo, com seus canais, ruelas e linda arquitetura, esta cidade possui o charme de cidade pequena, onde tudo se pode fazer de bicicleta, mas ao mesmo tempo é uma cidade internacional, com gente do mundo tudo, além da liberdade que existe aqui, das drogas ao sexo, cada um faz o que quer, desde que não incomode o outro.
Também adoro o fato de podermos viajar tão facilmente. Aqui na Europa como tudo é perto, viajamos o máximo que podemos, pois sei que no dia que voltarmos para o Brasil será um pouco mais complicado. Em 2 horas de carro ou de avião, estamos em outro país e cultura completamente distinta. Nos últimos meses já estivemos na Itália 2 vezes, Espanha e Portugal. E quando estamos aqui em Amsterdam, adoramos receber amigos em casa. Já recebemos gente do mundo todo, o que não deixa de ser uma outra viagem que fazemos quando estamos jantando com alguém de uma cultura diferente da nossa. Meu marido adora cozinhar e como aqui na Europa a maioria das cozinhas são abertas a sala, ele cozinha, participa das conversas e dos muitos risos que damos.
- E do que não gosta ?
Esta é uma pergunta fácil, não gosto do inverno holandês onde os dias são curtos e cinzas e também sinto muita falta da boa comida brasileira, tirando isto adoro morar aqui.
- Você teve algum choque cultural ?
Gostei de Amsterdam logo de início, mas em um mês começou o inverno, além do enorme frio a pior parte era que ás quatro da tarde já estava escuro. Digamos que foi um pouco duro, além disto, chove demais, é como todo bom carioca, odeio chuva! Mas a parte boa foi que me surpreendi com a atitude dos holandês, que é um povo muito educado.Digo sempre que tive um choque quando cheguei aqui. Os catalães não são o povo mais educados do mundo, e confesso que já estava me acostumando com o tratamento rude deles, tanto é que quando cheguei aqui, me impressionei com a educação dos Holandeses.
Eu lembro que no primeiro dia que cheguei e estava perdida na rua, perguntei para uma mulher onde era a rua tal, ela não sabia, mas pegou o telefone, ligou para o marido e me passou o telefone para que ele pudesse me explicar onde era. Outro exemplo, foi logo no dia seguinte quando encontrei uma loja de telas em promoção e mesmo sem carro não quis perder a oportunidade, então comprei 5 telas grandes por um preço maravilhoso, o problema era como chegar em casa com as telas. Voltei para casa carregando tudo na cabeça. Todo mundo me olhava, ventava muito, mas eu ia carregando as telas, toda bamba. Até que uma pessoa pára do meu lado e me oferece ajuda, eu como toda a educação disse que não era necessário. Mas claro que era completamente necessário. Levar aquilo tudo no vento que estava era uma "mega operação", então a senhora pega metade das telas, coloca também na cabeça e me acompanha até em casa. Foram momentos que nunca mais esqueci! Existem pessoas que dizem que o holandês é um povo mal educado, felizmente esta não é minha impressão, acredito que tudo que acontece funciona de acordo como você vê o mundo, eu sempre tendo ver o lado positivo das pessoas.
- O que você aprendeu sobre si mesma desde que chegou a Holanda ? Algum conselho para expatriados ?
Acredito que todo dia é um grande aprendizado, esta é a maravilha de se morar num lugar diferente. Quando você saí do seu “ninho”, você saí da sua zona de conforto. Ao distanciar-se da sua cultura você passa a perceber todas as nuances de sua cultura, com seus defeitos e qualidades e isto é muito importante para o auto-conhecimento, pois todos somos nossa cultura. Sempre digo a quem está vindo morar fora, para não comparar o lugar novo com a sua “casa”, pois “casa” é sempre casa. Além disto você tem que estar de mente aberta para todas as novas experiências, isto implica desde provar novas comidas a fazer coisas que você nunca imaginou. Claro que não é fácil, mas garanto que vale muito a pena!
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Para conhecer mais sobre o trabalho da Marcella visitem o blog dela:
http://www.marcellamadeira.blogspot.com/
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